Segundo pesquisa, em condições de seca prolongada, a riqueza de espécies diminui 70%

 

As mudanças climáticas, com os longos períodos de seca e o aumento da temperatura, alteram o banco de sementes de florestas estacionais da Mata Atlântica e comprometem sua regeneração natural. É o que conclui estudo publicado na revista Global Change Biology  elaborado por pesquisadores do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), da Universidade Federal do Espírito Santos (UFES) e da Universidade Federal de Viçosa (UFV).

Durante seis meses, o estudo foi desenvolvido em um ambiente controlado e simulou diferentes cenários climáticos, incluindo o atual e projeções futuras. No total, 48 amostras foram coletadas na Floresta Nacional de Pacotuba, em Cachoeira de Itapemirim (ES), e expostas a variações de temperatura e níveis de água.

“Os resultados da pesquisa são mais um alerta sobre o desafiador cenário que a biodiversidade está passando com as mudanças climáticas e suas consequências à população humana”, alerta o pesquisador do INMA, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e um dos autores do estudo, João Paulo Fernandes Zorzanelli.

Segundo o levantamento, em condições de seca prolongada, a riqueza de espécies recua 70%, além de haver diminuição de atributos ecológicos, como o tamanho da folha, produção de raiz e massa seca total.

“A pesquisa mostrou que atributos ecológicos, traços funcionais e germinação foram negativamente alterados no cenário onde as temperaturas são mais quentes e com seca prolongada. Em outras palavras, a capacidade de regeneração das florestas estacionais será reduzida drasticamente no futuro”, continua Zorzanelli.

“As mudanças climáticas e restrição hídrica prolongada podem alterar drasticamente a estrutura das florestas sazonais no futuro, causando perda de viabilidade de sementes, aumento da mortalidade de sementes e mudas e redução de recrutamento de novos indivíduos”, afirma a líder da equipe de pesquisa Patrícia Borges Dias.

Ainda de acordo com a pesquisadora, para reverter as projeções do estudo é necessário o desenvolvimento de estratégias a curto e longo prazo em relação aos efeitos das mudanças climáticas. “É necessário identificar áreas prioritárias para a conservação de espécies ameaçadas em florestas sazonais e um planejamento adequado e consistente para o controle de espécies exóticas com alta capacidade de expansão em climas futuros são procedimentos que devem ser incluídos nas políticas de conservação para essas florestas”, informa Dias.

Para isso, a pesquisa recomenda a coleta e armazenamento de sementes em bancos de germoplasma, além da restruturação florestal com espécies mais tolerantes à seca. “Apesar de o cenário não ser confortável, ainda há uma fagulha de esperança no coletivismo para amenizar as consequências das mudanças climáticas”, finaliza Zorzanelli.

Floresta estacional

As florestas estacionais são florestas tropicais secas, com estações bem definidas no ano, uma estação chuvosa e outra seca. No Brasil, existem as florestas estacionais semideciduais, nas quais 10 a 50% das árvores da floresta perdem as folhas na estação seca, e florestas estacionais deciduais que possuem mais de 50% de árvores que perdem as folhas.

Fonte: gov.br/mcti/pt-br

Imagem: Internet

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