A segunda reunião do ano da Câmara Brasileira de Materiais de Construção (CBMC) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) foi realizada, na quarta-feira (21), em Brasília, e teve como tema central a política de crédito imobiliário. A reunião foi mediada pela gerente da Assessoria das Câmaras Brasileiras do Comércio e Serviços (ACBCS), Andrea Marins.
O impacto das altas taxas de juros no setor de construção foi um dos primeiros temas abordados. O coordenador da CBMC, José Wenceslau de Souza Júnior, expressou preocupação com o ambiente econômico, destacando que as taxas elevadas estão desacelerando o mercado, o que afeta diretamente o comércio de materiais de construção. “Precisamos de um ambiente econômico mais favorável para estimular o investimento e o crescimento do setor”, afirmou.
Política de crédito imobiliário
Outro ponto de destaque no encontro foi a discussão sobre a facilitação de crédito para a construção civil. Representantes do setor bancário, como Marcelo Silva Tsunoda, da CEF, comentaram as novas linhas de crédito destinadas a pequenas e médias empresas do setor.
“Os bancos estão atuando para criar condições de financiamento adequadas ao momento, o que deve ajudar a aquecer o mercado”, explicou Tsunoda.
Sustentabilidade e logística reversa
A crescente demanda por materiais de construção sustentáveis foi outro tema central da reunião. Especialistas presentes ressaltaram que a adoção de práticas sustentáveis é essencial tanto para o meio ambiente quanto para a competitividade das empresas e o desenvolvimento econômico do País.
A analista de Representações da CNC Renata Couto Avila explicou aos integrantes da CBMC como funciona a legislação da logística reversa, que foi instituída recentemente no Estado do Espírito Santo por meio do Decreto nº 5683-R, de 18/04/2024. “O decreto está em conformidade com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que foi instituída em 2010. Em uma análise, foi possível identificar que existem legislações específicas de logística reversa em 16 Estados do Brasil; então, isso é uma tendência que vem crescendo”, destacou.
Avila também salientou a corresponsabilidade dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, envolvendo todos os atores do ciclo de vida de um produto, desde a sua fabricação até a destinação final.
“As legislações sobre a logística reversa trazem essa corresponsabilidade. Inclusive, já existem grupos de acompanhamentos de performances a partir da assinatura de acordos setoriais. Os fabricantes são os responsáveis por implementar e custear os sistemas de logística reversa, enquanto os comerciantes são responsáveis por disponibilizar pontos de coleta e informar e conscientizar os consumidores sobre o descarte correto”, esclareceu.
“O comércio é a porta de entrada do consumidor ao produto, então é muito importante que os comerciantes consigam estar em conformidade com a lei e fazer as parcerias necessárias com outros atores da cadeia para estarem em conformidade com a legislação e para que a logística reversa aconteça de fato”, frisou Renata Avila.
“Temos de evitar ao máximo que o envio dos resíduos vá para os aterros sanitários. A logística reversa ajuda na destinação final ambientalmente correta para todos os resíduos”, reforçou.
Desafios regulatórios
Durante a reunião, os participantes também expressaram preocupações com as barreiras regulatórias que dificultam o crescimento do setor. O coordenador da CBMC apontou a necessidade de um diálogo mais aberto com o governo para simplificar os processos regulatórios e impulsionar o seu desenvolvimento.
A importância da digitalização do comércio de materiais de construção também foi enfatizada durante a reunião, de o setor acompanhar as tendências de digitalização sem correr o risco de ficar para trás em um mercado cada vez mais competitivo.
Investimento em infraestruturas foi outro assunto do encontro apresentado como um motor de crescimento do mercado de construção. Os integrantes da CBMC discutiram ainda os projetos de lei que estão em tramitação no Congresso Nacional.
Outros temas como a isenção da cesta básica de material de construção, reforma tributária, o impacto da liberação do FGTS para reformas e construções, além da análise e revisão do Construcard, cartão de crédito da CEF que permite financiar a compra de materiais de construção em estabelecimentos conveniados, fizeram parte dos assuntos tratados na reunião da Câmara Brasileira de Materiais de Construção.
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