O Rio Madeira enfrenta seu nível mais crítico em quase 60 anos. Setores de energia elétrica, agricultura, comércio e indústria e todo processo produtivo é afetado. Presidente da Fecomércio-RO Raniery |Coelho, alerta sobre o uso consciente da água.
O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Rondônia e Vice-Presidente da CNC Raniery Araujo Coelho, alertou nesta semana para a necessidade das empresas e da população procurar orientação sobre como poupar água, por meio da conscientização e uso racional da água. Segundo ele, “algumas medidas simples para economizar água, podem fazer uma grande diferença para garantir o abastecimento de água durante este período mais crítico”.
Embora, normalmente, os dirigentes estaduais e municipais façam reuniões de planejamento e alertem sobre a crise hídrica, esta é uma questão que a população, de um modo geral, precisamos nos unirmos diante desse problema de falta de água. Só se percebe uma crise hídrica, na maioria das vezes, pelos problemas que traz, seja falta de água, seja o calor, que aumenta as vendas de sorvete e o consumo de ventiladores e ar condicionado. A situação vivenciada hoje no Estado também afeta muito a navegação, na medida em que o nível do rio Madeira reduziu 35 cm nos últimos oito dias e chegou à marca de 2,56m na última divulgação de dados, conforme o monitoramento do Serviço Geológico do Brasil (SGB).
Esta cota já é a mínima para o período. Nesta mesma época, no ano passado, a cota era de 4,56m, sendo que a média esperada seria de 5,8 m. Sem previsão de chuvas significativas, os modelos hidrológicos de chuva-vazão preveem a continuidade da vazante pelas próximas semanas. Em termos de níveis mínimos, a situação deve ser pelo menos tão grave quanto nos últimos anos têm sido, com cotas frequentemente atingindo níveis abaixo de 2 m, o que agrava a perspectiva de crise.
Impactos econômicos da crise hídrica
A água é um recurso essencial não somente para a vida humana, mas também para o processo produtivo. Rondônia é o 3º maior polo de hidroelétricas do país e sua produção abastece também outras regiões. E as hidrelétricas representam a principal fonte energética do Brasil, responsáveis por cerca de 63% da energia produzida.
E funcionamento de usinas, como as de Santo Antônio e Jirau, exigem um reservatório com grande volume de água. Durante os períodos de seca, esses reservatórios atingem níveis abaixo do recomendado, o que causa uma diminuição na produção de energia. Este é só uma das consequências econômicas da crise hídrica, mas é preciso acentuar que a agricultura tem uma dependência básica de água, Se a irrigação não ocorre corretamente, parte da safra acaba sendo perdida, resultando em redução na disponibilidade da oferta de produtos como frutas, legumes, carne e laticínios, cujos preços tendem a aumentar e muitos desses produtos fazem parte da cesta básica.
Mas, as consequências econômicas não param por aí, de vez que as empresas dos setores de alimentos, papel e celulose, têxtil, metalurgia e química enfrentam muitos desafios quando a disponibilidade de água é reduzida. Em alguns casos a escassez de água pode levar à interrupção da produção, à redução da capacidade produtiva e ao aumento dos custos de operação. Além disto, as indústrias que dependem de água para a disposição de resíduos e podem enfrentar dificuldades na gestão adequada de seus efluentes, agravando os impactos ambientais.
O consumo de sorvetes, de refrigerantes, sucos e tudo que se relaciona a mitigar os efeitos do calor e da falta de água tendem a ser um muito maior. Não há estatísticas sobre os impactos da crise hídrica em Rondônia, no entanto estudos indicam que os níveis dos rios vão ficar mais baixos, e é importante que todos contribuam para evitar uma crise ainda maior.