Com 108 mil hectares, a Reserva Particular do Patrimônio Natural, RPPN Sesc Pantanal está localizada no Pantanal de MT e é a maior do País

Reserva Particular do Patrimônio Natural, RPPN Sesc Pantanal, completou 27 anos de história no Pantanal mato-grossense, em 4 de julho. Com 108 mil hectares, a unidade criada pelo Sistema CNC-Sesc-Senac é a maior RPPN do Brasil e possui relevante contribuição para a conservação de espécies ameaçadas de extinção, como a onça-pintada, lobo-guará e tamanduá-bandeira.

O Pantanal tem apenas 5% do bioma protegido em Unidades de Conservação. Deste total, 1% corresponde à RPPN Sesc Pantanal. Na área já foram desenvolvidas mais de 100 pesquisas nacionais e internacionais sobre o Pantanal. Do total de peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos na Bacia do Alto Paraguai, que totalizam 1.059 espécies, a Reserva detém 630. Entre as espécies ameaçadas de extinção, a RPPN possui 12. Dos benefícios que presta à humanidade estão a purificação das águas e a mitigação e adaptação às mudanças climáticas.

Para proteger toda esta riqueza de vida, auxiliares de parque e guardas-parques se revezam no apoio ao desenvolvimento de pesquisas, bem como monitoramento, prevenção e combate a incêndios. São todos pantaneiros, nascidos na região da RPPN, localizada em Barão de Melgaço (MT).

O guarda-parque Reginaldo Taques trabalha na RPPN há 18 anos e conta sobre o maior desafio de trabalhar na RPPN Sesc Pantanal. “A reserva é um exemplo para outras e manter toda essa área conservada é uma missão importante que temos. O que mais gosto de trabalhar aqui é saber que estamos conseguindo cuidar desse pedacinho do Pantanal”, diz ele.

Com 12 anos de atuação da RPPN, o também guarda-parque Vilson Souza considera uma honra trabalhar na unidade de conservação. “O que mais gosto de fazer é compartilhar meu conhecimento como pantaneiro para turistas e pesquisadores que vêm até aqui. Por isso, nossa dedicação durante todo o ano é para proteger toda a área, principalmente neste ano tão seco”, destaca.

Gestor da RPPN Sesc Pantanal, o ecólogo Alexandre Enout destaca os dois títulos internacionais da área: Sítio Ramsar e Zona Núcleo da Reserva da Biosfera. “É evidente a relevância do papel da RPPN enquanto área de conservação, que beneficia a fauna, a flora e os seres humanos, com seus serviços ecossistêmicos fundamentais para a manutenção da vida na terra”, explica.

Mudanças com o Pantanal mais seco

Segundo dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LASA-UFRJ), o regime de seca persistente de intensidade extrema a moderada perdura nos últimos 12 meses. De acordo com relatório publicado em junho, o Pantanal foi o bioma que mais secou dentro da análise realizada entre 1985 a 2023. A superfície de água anual (pelo menos 6 meses com água) em 2023 foi 61% abaixo da média histórica.

Os guardas-parques confirmam isso com as mudanças vistas no dia a dia. Segundo Vilson, a paisagem mudou devido ao ciclo das cheias. “Os corixos onde eu tomava banho na infância, em São Pedro de Joselândia, não existem mais, meus filhos pequenos nunca viram cheio. Na RPPN, tem corixo que não enche há cinco anos por falta de chuva”, relata.

Para Reginaldo, com a falta de chuvas regulares o Pantanal está diferente, sem florada todos anos, por exemplo. “Os tanques da reserva, que ajudam no abastecimento de pipas e também para os animais beberem água, não costumavam secar e agora estão secos. A nossa expectativa para esse ano é que não tenha incêndio, apesar das previsões”, destaca.

Prevenção a incêndios

A mobilização para proteger a grande área, rica em biodiversidade, é intensa e tem sido ampliada para prevenir o avanço de incêndios florestais como os que já atingiram a reserva, principalmente neste ano em que o Pantanal está mais seco.

A principal ação iniciada neste ano é a queima prescrita, que faz parte do Plano de Manejo Integrado do Fogo (PMIF) e utiliza o fogo como aliado para proteger a área. Iniciativa inédita em unidades de conservação do Pantanal Norte (Mato Grosso), o modelo prevê a queima de algumas áreas na RPPN, em vegetação mais adaptada ao fogo, o que contribui para a conservação do local. A estratégia, utilizada em várias partes do mundo e em outros biomas brasileiros, é uma das mais avançadas opções de prevenção, considerando as mudanças nos ciclos das águas registradas desde 2020.

Como ferramentas de prevenção, a reserva conta ainda com a tecnologia de detecção de focos de incêndio com câmeras de alta precisão. Já a Brigada de Incêndio, contratada para atuação durante seis meses no período da seca, agora permanecerá ativa por oito meses e terá um reforço importante: dois novos pontos de água na área central da Reserva, naturalmente mais seca por estar distante dos rios Cuiabá e São Lourenço, que margeiam a RPPN. Os poços artesianos contribuirão com os esforços de eventual combate a incêndios florestais, facilitando o rápido reabastecimento de caminhões-pipa

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